BLOG DE CÉZAR SANTOS
O Governo vai ampliar de seis para oito anos a duração do curso de
Medicina. O período extra, de dois anos, o médico continuará em
formação, só que trabalhando exclusivamente em postos de saúde,
pronto-socorros e no Samu, sempre vinculado à instituição de ensino
original.
A mudança é um dos principais pontos do programa “Médicos para o
Brasil”, anunciado ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT). A ideia é
ampliar o número de profissionais para suprir, principalmente, a
ausência de médicos nas cidadezinhas interioranas.
A medida, que entrará em vigor em 2015, vai manter o recém-formado na
estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS), devidamente remunerado, o
que permitirá a permanência do médico perto da saúde da família.
Como funciona: os primeiros seis anos do curso terão a mesma
estrutura que a atual. Hoje, após os seis anos, o aluno se forma e pede o
diploma de médico ao Conselho Regional de Medicina (CRM) do Estado onde
pretende atuar. Nos dois anos da segunda parte, o aluno mantém o
vínculo com a instituição de ensino e desenvolve atividade sob tutoria.
Haverá avaliações e pagamento de uma bolsa.
Também, no programa, consta a fixação de médicos estrangeiros no
interior e na periferia. Nesse caso, o profissional indica uma cidade de
interesse em cada um dos grupos (capitais, regiões metropolitanas,
cidades com concentração de pobreza, distritos indígenas.
Os selecionados serão submetidos a uma avaliação e preparação de
conhecimentos técnicos e língua portuguesa de três semanas no Brasil.
Antes, porém, a prioridade é do médico brasileiro, seguindo três
chamadas:
A primeira será para médicos formados no Brasil e no exterior e aprovados no Revalida;
A segunda, para brasileiros formados no Exterior sem Revalida, que estejam em países com proporção de médico maior que o Brasil;
E na terceira chamada, para estrangeiros de todas as nacionalidades.
Dessa forma, o Governo deixa claro: a prioridade é do médico
brasileiro; se ficar vaga aberta, será convocado o profissional
estrangeiro. A princípio, o programa agrada, apesar de resistência de
setores da classe médica.
No entanto, alguns pontos poderiam ser melhor atendidos. O Governo
poderia ter aumentado o repasse per capita da saúde e, por consequência,
permitir investimentos para reformar, ampliar e equipar os hospitais
públicos. Essa é uma necessidade tão antiga quanto urgente, reclamada
pelos governadores e prefeitos.
No geral, o programa é interessante e poderá trazer resultado no futuro próximo.
Fonte: Jornal de Fato