O Centro de Radioterapia de Mossoró - Hospital da Solidariedade -
recebeu a visita de membros da Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN). Na noite da segunda-feira passada, 15, dois inspetores do órgão,
sediado no Rio de Janeiro, realizaram vistoria no local.
Caso a licença
de funcionamento seja emitida esta semana, o tratamento dos pacientes
oncológicos pode começar na próxima segunda-feira, 22, como informa o
médico radioterapeuta, Geison Freire.
A vistoria objetivou avaliar a radioproteção e o sistema de blindagem
das salas. Para isso, as máquinas foram ligadas e as medidas da
estrutura física do hospital verificadas, a fim de conferir se o local
oferece a proteção adequada. De acordo com o radioterapeuta, esses
quesitos estão dentro do padrão.
O relatório, com dados coletados durante a visita já foi enviado à
diretoria do CNEN. Agora, os profissionais do Centro de Radioterapia
aguardam a liberação da licença de funcionamento para iniciar o
tratamento dos pacientes com câncer. Uma cópia do documento deve ser
enviada, por fax, até a esta sexta-feira, 19, para agilizar os trâmites,
enquanto o documento é enviado pelos Correios.
Caso a documentação seja recebida na data prevista, o tratamento de
radioterapia será iniciado na segunda-feira, 22. Nesse primeiro momento,
mais de 20 pessoas já foram encaminhadas, atendidas e cadastradas para
receber o tratamento. "Eu tenho, pelo menos, 25 pessoas para tratar",
diz Geison Freire.
"Estamos aguardando aqui para qualquer hora começar o serviço", diz o
chanceler da Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC),
oncologista Cure Medeiros.
Cure Medeiros estima que 50 pacientes aguardem o início do serviço e
conta que algumas pessoas já não irão mais se deslocar para Natal para
fazer o tratamento.
"A gente só está mandando para Natal os pacientes de urgência",
informa. Com o início do funcionamento do Hospital da Solidariedade, os
pacientes oncológicos passam a ter acesso ao tratamento de radioterapia
gratuitamente, em Mossoró.
Geison Freire informa que os tratamentos serão iniciados antes mesmo
do credenciamento do serviço junto ao Ministério da Saúde (MS). Para
credenciar o serviço e receber os recursos para manutenção da unidade, é
preciso encaminhar a autorização da CNEN à Secretaria Estadual de Saúde
que, por sua vez, remete o documento ao MS. De acordo com Cure
Medeiros, o restante da documentação já está com o órgão.
Ontem, 16, o oncologista enviou mensagem ao presidente da Câmara dos
Deputados do Brasil, Henrique Eduardo Alves, solicitando agilidade no
processo de credenciamento. O médico não sabe se é possível, mas pediu
que, caso haja essa possibilidade, a portaria do credenciamento seja
liberada, com a pendência de entrega da autorização da CNEN.
O processo também requer uma visita da Vigilância Sanitária, mas
Geison Freire informa que o órgão já realizou uma vistoria prévia e uma
nova inspeção deve ocorrer quando o hospital estiver em funcionamento.
O credenciamento é fundamental para manter a máquina funcionando, tendo em vista que o custo é alto, como lembra Cure Medeiros.
A estimativa inicial é de que o custo mensal do Hospital da Solidariedade seja de R$ 120 mil, como informa Geison Freire.
Atualmente, há um déficit entre o que é doado e o que é investido.
Para sanar as dificuldades, a equipe está pleiteando, junto ao
Município, o repasse de R$ 200 mil. No intuito de alcançar o valor, a
equipe tenta uma audiência com a prefeita de Mossoró, Cláudia Regina.
Enquanto o credenciamento não sai, Cure Medeiros faz um apelo à população e aos poderes públicos estadual e municipal.
Ele não contém a alegria diante da iminência do início dos serviços
do hospital e agradece a população que contribuiu para construir e
colocar em funcionamento um Centro de Radioterapia na cidade.
Na luta pela instalação de uma estrutura que atenda as necessidades
dos pacientes com câncer, cada conquista é um passo. "Ainda tem muita
coisa a conquistar", diz Cure Medeiros.
Entre esses avanços que precisam ser atingidos, o médico cita a
importância de diminuir o tempo de espera pela realização de exames,
problema que ocorre nacionalmente.
O oncologista comenta que esse é um sonho que, se o Município não tem
condições de concretizar sozinho deve recorrer ao Governo Estadual e
este ao Governo Federal e lembra que de nada adianta uma lei que
estipula o prazo máximo de 60 dias para realização dos exames se não há
suporte para isso.
Fonte: Jornal Gazeta do Oeste