Zona
rural sofre com dois anos de escassez de chuvas
As chuvas que caíram e estão caindo na região ainda não são suficientes
para alegrar o homem do campo. Agricultores de diversas comunidades rurais que
têm acesso bastante limitado à água estão se mantendo apenas através das linhas
de créditos emergenciais e programas sociais.
“É uma situação muito delicada. As pessoas que não têm emprego fixo
estão paradas, não tem o que plantar, o que colher. A única fonte de renda é
quem tem aposentadoria rural, Garantia Safra (que não é todo mundo que recebe)
e o Bolsa Família”, informa o presidente do Sindicato da Lavoura de Mossoró,
Francisco Gomes.
Se as dificuldades são comuns em comunidades que dispõe de água e tem
plantação irrigada, nas outras que o líquido é escasso, os problemas são ainda
maiores. “Quem tem plantação irrigada está um pouco bem, mas quem não tem, como
é o caso da comunidade Cordão de Sombra e Maracanaú estão sofrendo muito. Tinha
pessoas que estavam tirando lenha para vender para
padarias e o Ibama correndo atrás – o que está certo, pois a natureza tem que
ser preservada e é contra a lei e lei não se discute. Acontece também que a
pessoa não vai deixar os filhos morrerem de fome. É complicado”, exemplifica.
AMENIZAR – Francisco Gomes informa que mais de mil agricultores da
região já acessaram o crédito emergencial de até R$ 12 mil que pode ser pago
entre quatro e seis anos com juros baixos.
Criado em 2004, o Complexo Maisa, que é o segundo maior assentamento do
País, só foi contemplado agora com o benefício. Segundo o presidente do
sindicato, 70% dos recursos foram para os moradores daquela localidade. “São
cerca de 1.150 agricultores, mas nem todos acessaram ainda. A preocupação da
gente é com cerca de 200 deles que são substitutos (chegaram há pouco tempo, um
ano, dois ou três) que não estão na Relação de Beneficiários (RB) e não estão
aptos. Segundo o Incra, só pode ser liberado para quem tem mais de 10 anos como
assentado, mas entendemos que o povo está precisando demais, ainda mais com
dois anos seguidos de seca”, explicou Francisco, acrescentando que irá a Natal
reivindicar a inclusão dessas pessoas na RB.
POUPAR – O Projeto Um Milhão de Cisternas (P1MC), desenvolvido pela
Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), através do Sindicato da Lavoura, em
parceria com a Coopervida, empresa que constrói as cisternas, foi retomado.
Para este ano estão previstas a construção de 704 unidades e já foi feita a solicitação
para serem feitas mais 2.400 no próximo ano.
O cadastramento dos beneficiários já foi feito em diversas comunidades,
entre elas Pau Branco, Piquiri, Sussuarana, Chafariz, Santana, Rancho da Caça,
Macambira, entre outras.
Em algumas localidades a escavação já começou e, em breve, as placas de
concreto serão montadas até que o reservatório ganhe forma
e ajude os moradores a guardar as águas das chuvas.
PARCERIA – O Sindicato da Lavoura está montando a programação de uma
série de oficinas que serão realidades em comunidades polos. A expectativa é de
que a primeira aconteça no próximo mês.
As oficinas são realizadas através da parceria com órgão como Sebrae,
Banco do Nordeste, Incra, Previdência Social e outras instituições que lidam
direta e indiretamente com o homem do campo.
“A gente vai em uma comunidade polo e passa o dia recebendo as pessoas
desses locais. Os órgãos passam informações, tiram dúvidas, explicam sobre os
recursos emergenciais, como faz para ter acesso, dando assistência técnica,
como tirar empréstimo, como renegociar dívidas e o que cada um está fazendo ou
vai fazer para ajudar as comunidades”, detalha Francisco Gomes.
Fonte: Gazeta do
Oeste