Alcivan Costa
Adultos, jovens e
crianças se reuniram pedido pelo fim da violência na cidade
“Chegaaaaa, eu não
aguento mais. A minha Mossoró precisa de paz... nossas vitórias e pioneirismo
não podem cair no abismo da aflição!”. Esse foi o clamor de mais de três mil
pessoas, segundo dados da Polícia Militar, que caminharam pelas ruas do Centro
da cidade pela manhã, em uma mobilização organizada pelo movimento CHEGAAAAA!!!
Adultos, jovens e
crianças se reuniram pela manhã, a partir das 8h, com roupas brancas como um
grande pedido pelo fim da violência na cidade. “Nosso objetivo direto é a paz.
Estamos aqui para sensibilizar as autoridades políticas para uma solução
imediata para o sofrimento de tantas famílias”, disse um dos organizadores do
evento, o fotógrafo Carlos Fernandes.
O fotógrafo
afirmou que a organização do movimento já havia se reunido com a prefeita de
Mossoró, Cláudia Regina, que garantiu ações favoráveis. “Ela nos garantiu que
já está trabalhando por melhores condições para a Guarda Municipal”, disse.
A design Sanara
Lidiane levou os filhos Aléssia, de quatro anos; e Enzo, de dois; para a
mobilização. “Mossoró está muito violenta. Eu moro em um bairro de periferia e
tenho até medo de deixar meus filhos dormirem no quarto deles. A cidade precisa
de paz para o futuro dos nossos filhos”, disse.
O médico Dix-sept
Rosado Sobrinho fez questão de deixar a marca da sua mão na bandeira branca que
simbolizava a participação popular no movimento. “Nós estamos vivendo a
violência. Como médico posso afirmar que uma das maiores causas de morte de
crianças acima de um ano são acidentes e violências. Estou preocupado, sim, e
não só como profissional da saúde, mas como um cidadão mossoroense que andou de
bicicleta pelas ruas da cidade quando criança e que não vê mais crianças
podendo fazer hoje a mesma coisa”, desabafou.
O mototaxista João
Neto afirmou que foi ao movimento para pedir melhores condições de
sobrevivência. “Eu quero UPAs que funcionem como se deve, quero postos
policiais equipados e quero também que essas pessoas que estão aqui caminhando,
mas que também estão lá em Brasília representando o povo, possam sair da teoria
para a prática”, disse.
A família da estudante
Érica Paula vestiu a camisa com a foto do irmão dela, assassinado há um mês,
devido a R$ 2,00 em uma discussão por jogo de baralho. “Os políticos têm que
tomar consciência e fazer alguma coisa pela educação do nosso país, para que o
sofrimento das famílias acabe”, afirmou.
A estudante
Manuela Paula também vestiu a camisa com a foto do amigo Flávio Souza, que foi
assassinado por bala perdida. “Ele foi assassinado brutalmente. Era um menino
bom, evangélico e estava trabalhando. Os jovens hoje são as maiores vítimas da
violência, seja lá como ela for”, lamentou.
A supervisora de
uma rede de óticas em Mossoró, Ghislainy Alves, afirmou que todas as seis lojas
da rede fecharam durante toda a manhã do sábado. “Mobilizamos os funcionários e
estamos aqui, porque não somos inertes ao que está acontecendo na cidade”,
destacou.
Durante toda a
mobilização, os organizadores cobravam a consciência da população, inclusive
com relação a não jogar lixo nas ruas. A organização também impediu que pessoas
participassem do protesto mascarados. No Centro da cidade, 90% das lojas
fecharam as portas em protesto e em aderência à mobilização.
Ao chegarem à
Praça Rodolfo Fernandes, os participantes da mobilização fizeram um minuto de
silêncio e cantaram o hino nacional.
O fotógrafo
Ricardo Lopes, que também é organizador da mobilização, destacou que até a
noite da sexta-feira, 21, mais de 24 mil pessoas seguiam o perfil do movimento
CHEGAAAAA!!! pelas redes sociais. “O que precisa mudar é todo País. Começamos a
nos mobilizar a partir do momento em que a filha de Carlos precisou de
atendimento médico e não tinha, e já tivemos resultados positivos com a
implantação de dez UTIs pediátricas na cidade. Por isso eu sou bastante
otimista quanto ao pedido dessas pessoas por paz”, afirmou.
Ricardo Lopes
também citou a cobrança aos políticos norte-rio-grandenses. “Temos uma bancada
em Brasília de Rosados, Alves, Farias que devem perceber o que é urgência.
Temos em Mossoró sete viaturas que só podem rodar 35 quilômetros por dia”,
acrescentou.
Fonte: Gazeta do
Oeste