domingo, 23 de junho de 2013

MOSSORÓ: Mobilização pacífica reuniu três mil pessoas e fechou lojas do Centro ontem pela manhã

Alcivan Costa

Adultos, jovens e crianças se reuniram pedido pelo fim da violência na cidade

“Chegaaaaa, eu não aguento mais. A minha Mossoró precisa de paz... nossas vitórias e pioneirismo não podem cair no abismo da aflição!”. Esse foi o clamor de mais de três mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar, que caminharam pelas ruas do Centro da cidade pela manhã, em uma mobilização organizada pelo movimento CHEGAAAAA!!!

Adultos, jovens e crianças se reuniram pela manhã, a partir das 8h, com roupas brancas como um grande pedido pelo fim da violência na cidade. “Nosso objetivo direto é a paz. Estamos aqui para sensibilizar as autoridades políticas para uma solução imediata para o sofrimento de tantas famílias”, disse um dos organizadores do evento, o fotógrafo Carlos Fernandes.

O fotógrafo afirmou que a organização do movimento já havia se reunido com a prefeita de Mossoró, Cláudia Regina, que garantiu ações favoráveis. “Ela nos garantiu que já está trabalhando por melhores condições para a Guarda Municipal”, disse.

A design Sanara Lidiane levou os filhos Aléssia, de quatro anos; e Enzo, de dois; para a mobilização. “Mossoró está muito violenta. Eu moro em um bairro de periferia e tenho até medo de deixar meus filhos dormirem no quarto deles. A cidade precisa de paz para o futuro dos nossos filhos”, disse.

O médico Dix-sept Rosado Sobrinho fez questão de deixar a marca da sua mão na bandeira branca que simbolizava a participação popular no movimento. “Nós estamos vivendo a violência. Como médico posso afirmar que uma das maiores causas de morte de crianças acima de um ano são acidentes e violências. Estou preocupado, sim, e não só como profissional da saúde, mas como um cidadão mossoroense que andou de bicicleta pelas ruas da cidade quando criança e que não vê mais crianças podendo fazer hoje a mesma coisa”, desabafou.

O mototaxista João Neto afirmou que foi ao movimento para pedir melhores condições de sobrevivência. “Eu quero UPAs que funcionem como se deve, quero postos policiais equipados e quero também que essas pessoas que estão aqui caminhando, mas que também estão lá em Brasília representando o povo, possam sair da teoria para a prática”, disse.

A família da estudante Érica Paula vestiu a camisa com a foto do irmão dela, assassinado há um mês, devido a R$ 2,00 em uma discussão por jogo de baralho. “Os políticos têm que tomar consciência e fazer alguma coisa pela educação do nosso país, para que o sofrimento das famílias acabe”, afirmou.

A estudante Manuela Paula também vestiu a camisa com a foto do amigo Flávio Souza, que foi assassinado por bala perdida. “Ele foi assassinado brutalmente. Era um menino bom, evangélico e estava trabalhando. Os jovens hoje são as maiores vítimas da violência, seja lá como ela for”, lamentou.

A supervisora de uma rede de óticas em Mossoró, Ghislainy Alves, afirmou que todas as seis lojas da rede fecharam durante toda a manhã do sábado. “Mobilizamos os funcionários e estamos aqui, porque não somos inertes ao que está acontecendo na cidade”, destacou.

Durante toda a mobilização, os organizadores cobravam a consciência da população, inclusive com relação a não jogar lixo nas ruas. A organização também impediu que pessoas participassem do protesto mascarados. No Centro da cidade, 90% das lojas fecharam as portas em protesto e em aderência à mobilização.

Ao chegarem à Praça Rodolfo Fernandes, os participantes da mobilização fizeram um minuto de silêncio e cantaram o hino nacional.

O fotógrafo Ricardo Lopes, que também é organizador da mobilização, destacou que até a noite da sexta-feira, 21, mais de 24 mil pessoas seguiam o perfil do movimento CHEGAAAAA!!! pelas redes sociais. “O que precisa mudar é todo País. Começamos a nos mobilizar a partir do momento em que a filha de Carlos precisou de atendimento médico e não tinha, e já tivemos resultados positivos com a implantação de dez UTIs pediátricas na cidade. Por isso eu sou bastante otimista quanto ao pedido dessas pessoas por paz”, afirmou.

Ricardo Lopes também citou a cobrança aos políticos norte-rio-grandenses. “Temos uma bancada em Brasília de Rosados, Alves, Farias que devem perceber o que é urgência. Temos em Mossoró sete viaturas que só podem rodar 35 quilômetros por dia”, acrescentou.

Fonte: Gazeta do Oeste

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