Do jornal
Valor Econômico
São Gonçalo do Amarante
“Quando se constrói um aeroporto novinho em
folha, pode-se esperar todo tipo de problema – menos que a obra fique
inteiramente pronta e não haja um único acesso viário asfaltado para chegar ao
terminal de passageiros. Em uma situação insólita, é justamente esse o risco
que enfrenta o primeiro aeroporto concedido à iniciativa privada no governo
Dilma, gerando reações de perplexidade e deboche no setor.
A obra do aeroporto de São Gonçalo do Amarante,
na região metropolitana de Natal (RN), deverá estar concluída em abril de 2014.
A concessionária Inframérica promete entregar tudo e iniciar suas operações
sete meses antes do prazo fixado no contrato, com o objetivo de aproveitar a
demanda a Copa do Mundo, mas teme a possibilidade de não cortar a fita de
inauguração, porque a nova rodovia de acesso ao aeroporto está atrasada e
sequer começou a ser construída. O acesso atual é por um caminho de terra.
“A situação é surreal”, afirma o presidente do
conselho de administração da Inframérica, José Antunes Sobrinho, reiterando a
intenção de inaugurar o novo terminal no dia 30 de abril de 2014. O prazo
contratual é novembro. Segundo ele, a execução física das obras atingiu o
patamar de 40% e a cobertura metálica do terminal de passageiros está sendo
montada.
Irresponsabilidade
A torre de controle começou a ser erguida e a
pista, que era de responsabilidade da Infraero, já foi concluída. “Fizemos um
esforço hercúleo para antecipar as obras. Se os prazos do acesso viário não
forem cumpridos, será uma das maiores irresponsabilidades que eu já vi em toda
a minha vida.”
Em novembro de 2011, a Inframérica assinou o
primeiro contrato de concessão de um aeroporto federal, com prazo de 36 meses
para executar todos os serviços da primeira fase. A empresa, que pertence à
brasileira Engevix e à argentina Corporación América, venceu o leilão com um
lance de R$ 170 milhões – ágio de 228% sobre o valor mínimo de outorga. Na etapa
inicial do contrato, que expira em 2040, está previsto um terminal com
capacidade para 6,2 milhões de passageiros por ano. O investimento é
estimado em R$ 410 milhões.
O problema surgiu onde menos de esperava. A
Queiroz Galvão, empreiteira contratada pelo governo estadual para construir os
acessos do novo aeroporto, desistiu da obra. Ficou com o Rio Grande do Norte a
responsabilidade de pavimentar dois acessos viários, totalizando 37
quilômetros, para ligar o empreendimento à capital.
A concorrência para contratar a empreiteira
ocorreu em 2009, mas as autoridades potiguares argumentam que os serviços nunca
foram iniciados por causa das dificuldades na obtenção do financiamento junto
ao BNDES e à Caixa.
“O grande problema são os caminhos da
burocracia”, diz Demétrio Torres, presidente do Departamento de Estradas e
Rodagem (DER) e secretário para a Copa no Estado.
Quando toda a burocracia foi destravada, segundo
Torres, a Queiroz Galvão alegou que precisava de um aditivo contratual para
construir os acessos em prazo inferior ao inicialmente acordado. Houve recusa
do governo estadual e o contrato foi rescindido de forma amigável. As
autoridades convocaram a EIT Engenharia, segunda colocada na licitação, que
aceitou o valor de R$ 72 milhões para executar a obra.
Até agora, o novo contrato não foi assinado,
segundo a assessoria do DER.
Há uma possibilidade de que isso ocorra até
sexta-feira.
“Quem está com a corda no pescoço não é a gente,
é o governo do Rio Grande do Norte”, afirma Antunes. Ele cobra postura firme do
órgão regulador, a Anac,para garantir os direitos contratuais da
concessionária.”
Nota do Blog – O que falta mais
essa corriola fazer para destruir o Rio Grande do Norte? Quanta incompetência!
Pobre RN Sem Sorte.
Fonte: Blog do Carlos Santos