Moradores da comunidade Maisa, na zona rural de Mossoró, reclamam da
falta de assistência médica na região. A Unidade Básica de Saúde (UBS)
Paulo Jansen Dantas não dispõe de médicos há mais de dois meses. É o que
denuncia dona Ronilda Fernandes, moradora da Maisa desde 2004. "Médico
aqui é coisa rara. É um desprezo tão grande no posto de Saúde que até o
compressor do dentista foi roubado", disse. A UBS é a única na
comunidade Agrovila Real, que atende cerca de 180 famílias, sendo 80 da
Agrovila Real e 80 da agrovila Montana.
Ainda segundo a moradora, a UBS conta com dois dentistas, que atendem
dois dias na semana. Além disso, só são distribuídas 10 fichas
diariamente para os usuários. "É um absurdo! Somos mais de duzentas
pessoas que dependem desse posto de Saúde. Além de não ter médico,
muitas vezes nem medicamento, ainda temos que nos submeter a um limite
de 10 fichas", disse a moradora.
A moradora Cleonildes Rodrigues, de 26 anos, também reclama da falta
de médicos no local. "Muitas vezes deixei de trabalhar por motivos de
doença. Não havia médicos nem para me consultar, nem para me dar um
atestado", disse a moradora indignada com a situação. "Só sente na pele
quem vive aqui dentro", completou.
Segundo a moradora, além da falta de médicos e medicamentos na
comunidade, os moradores também não contam com o serviço da Samu. Ela
fala que com a falta de médicos na UBS, os assentados precisam se
deslocar a Mossoró. "Não há assistência de ambulâncias aqui. Se tiver
dinheiro, vai para Mossoró em um carro da linha, se não, morre aqui
mesmo", disse.
Cleonildes fala que ao chegar em Mossoró, alguns hospitais e unidades
básicas cobram um encaminhamento de um médico da UBS da Maisa. "Como é
que eu vou levar um encaminhamento se num tem médico aqui que me dê?",
indaga.
Além da falta de médicos e de assistência no serviço da Samu, os
moradores ainda reclamam da falta de medicamentos na Unidade Básica de
Saúde Paulo Jansen Dantas. "Há mais de três semanas que procuramos
medicamentos para pacientes psiquiátricos e não tem. O pessoal que
trabalha na UBS manda a gente ir à Regional de Saúde, mas lá não dispõe
dos medicamentos que necessitamos", disse a moradora Iassonara Barbalho,
que mora na Maisa há mais de 10 anos.
Os assentados ainda reclamam da falta de equipamentos e manutenção da
UBS. "É comum aqui falta material para sermos atendidos. Os enfermeiros
e agentes de Saúde precisam se desdobrar para poderem nos atender",
reclama a moradora Iassonara Barbalho.
Além disso, Iassonara fala que a diretora da UBS não aparece há cerca de seis meses. "Nem temos a quem recorrer", reclama.
O vice-presidente do Conselho Comunitário da Maisa, Francisco José
Martins da Silva, conhecido como "Deca", também confirmou a informação.
"Já tentamos várias vezes contato com a Prefeitura para falar da
situação da UBS, mas não tivemos nenhuma resposta", acrescentou.
O outro lado – A equipe de reportagem da GAZETA DO OESTE foi até a
Secretaria Municipal de Saúde tentar falar com a secretária Jaqueline
Amaral para ouvir justificativas sobre a falta de medicamento, falta de
médicos, ausência da diretora da Unidade Básica de Saúde da Maisa e não
assistência do serviço da Samu na comunidade, mas, mais uma vez, não
conseguiu obter respostas. De acordo com a recepcionista, Jaqueline
estaria, dentre de dois dias, ocupada e não poderia atender a
reportagem. A equipe também tentou falar com a responsável pelos
serviços das UBS, Maria Dionízia, mas ela estava em reunião.
Fonte: Jornal Gazeta do Oeste