sexta-feira, 12 de julho de 2013

MOSSORÓ: Moradoras da zona rural denunciam caos na saúde pública

A falta de atendimento médico em algumas comunidades do Complexo Maisa está causando prejuízos aos moradores. “Na realidade, há uns quatro meses que está sem médico”, diz a agricultora Maria Ronilda Oliveira, moradora da Agrovila Real.

Ela é uma das vítimas da situação e conta que o seu esposo precisa de uma cirurgia de catarata, mas não pode marcar o procedimento por falta de profissional na Unidade Básica de Saúde (UBS) da comunidade.

A própria consulta médica para avaliação da visão do esposo já foi difícil de ser alcançada. “Procurei a Secretaria, com muita briga eu consegui a consulta. Depois de muita zoada, eu disse que ia ao Ministério Público”, afirma a agricultora. Na consulta, ficou constatado que seu esposo precisa realizar uma cirurgia de catarata. Embora o procedimento não seja feito por um médico clínico geral, especialidade que costuma estar presente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), para passar pelo procedimento ele precisa de uma requisição a fim de realizar exames pré-operatórios, como hemograma e eletrocardiograma.

Por causa dos problemas na visão, ele já teve que pedir afastamento do trabalho, pois era motorista de ônibus escolar e, sem enxergar devidamente, não tinha mais como dirigir. “Ele não está mais enxergando, só vê o vulto”, comenta.

Como se não bastassem as dificuldades, a agricultora já foi informada que, após a marcação, a cirurgia do seu marido deve ser realizada, através do SUS, no período de seis meses e um ano.

Sem profissional de medicina na unidade, a assistência é feita pelas agentes comunitárias de saúde, acompanhadas por uma enfermeira. “Nós só somos atendidos por essa equipe que vai”, diz a agricultora.

“Se não fosse essa equipe, o que seria de nós, pelo menos para nos ouvir”, acrescenta, lembrando que as profissionais não podem diagnosticar.

De acordo com a agricultora Yassodara Barbalho, quando os moradores da zona rural se dirigem a Mossoró para procurar atendimento médico, a informação que ouvem é que precisam de um encaminhamento da UBS da comunidade onde vivem. “A Maisa está sem assistência médica”, afirma.
Outra reclamação é com relação à falta de medicamentos. Segundo Yassodara Barbalho, falta medicação para os pacientes que sofrem com transtornos mentais. “Nós temos oito pacientes com grau altíssimo de psicose e falta medicação para esse povo”, diz ela.

As agricultoras relatam ainda a ausência de ambulância. Segundo elas, quando alguém adoece é preciso ir até a Vila Maisa, distante 12 km da Agrovila Real, chamar o responsável pela ambulância e, só depois, levar o paciente para Mossoró. Isso se a emergência for até por volta das 22h ou 23h. De acordo com as moradoras, por causa da insegurança, depois desse horário o veículo não se desloca mais para o local.
Yassodara Barbalho diz que a Agrovila possuía uma ambulância, mas os moradores não sabem o que aconteceu com o veículo. Sem mecanismos de assistência própria, os moradores da zona rural ficam reféns das situações. “Onde está nossa ambulância?”, questiona.

A reportagem da GAZETA DO OESTE procurou a Secretaria de Saúde para ouvir explicações sobre os problemas no setor, mas foi informada de que a secretária Jaqueline Amaral estava em reunião.

Fonte: Jornal Gazeta do Oeste

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