A falta de atendimento médico em algumas comunidades do Complexo
Maisa está causando prejuízos aos moradores. “Na realidade, há uns
quatro meses que está sem médico”, diz a agricultora Maria Ronilda
Oliveira, moradora da Agrovila Real.
Ela é uma das vítimas da situação e conta que o seu esposo precisa de
uma cirurgia de catarata, mas não pode marcar o procedimento por falta
de profissional na Unidade Básica de Saúde (UBS) da comunidade.
A própria consulta médica para avaliação da visão do esposo já foi
difícil de ser alcançada. “Procurei a Secretaria, com muita briga eu
consegui a consulta. Depois de muita zoada, eu disse que ia ao
Ministério Público”, afirma a agricultora. Na consulta, ficou constatado
que seu esposo precisa realizar uma cirurgia de catarata. Embora o
procedimento não seja feito por um médico clínico geral, especialidade
que costuma estar presente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), para
passar pelo procedimento ele precisa de uma requisição a fim de realizar
exames pré-operatórios, como hemograma e eletrocardiograma.
Por causa dos problemas na visão, ele já teve que pedir afastamento
do trabalho, pois era motorista de ônibus escolar e, sem enxergar
devidamente, não tinha mais como dirigir. “Ele não está mais enxergando,
só vê o vulto”, comenta.
Como se não bastassem as dificuldades, a agricultora já foi informada
que, após a marcação, a cirurgia do seu marido deve ser realizada,
através do SUS, no período de seis meses e um ano.
Sem profissional de medicina na unidade, a assistência é feita pelas
agentes comunitárias de saúde, acompanhadas por uma enfermeira. “Nós só
somos atendidos por essa equipe que vai”, diz a agricultora.
“Se não
fosse essa equipe, o que seria de nós, pelo menos para nos ouvir”,
acrescenta, lembrando que as profissionais não podem diagnosticar.
De acordo com a agricultora Yassodara Barbalho, quando os moradores
da zona rural se dirigem a Mossoró para procurar atendimento médico, a
informação que ouvem é que precisam de um encaminhamento da UBS da
comunidade onde vivem. “A Maisa está sem assistência médica”, afirma.
Outra reclamação é com relação à falta de medicamentos. Segundo
Yassodara Barbalho, falta medicação para os pacientes que sofrem com
transtornos mentais. “Nós temos oito pacientes com grau altíssimo de
psicose e falta medicação para esse povo”, diz ela.
As agricultoras relatam ainda a ausência de ambulância. Segundo elas,
quando alguém adoece é preciso ir até a Vila Maisa, distante 12 km da
Agrovila Real, chamar o responsável pela ambulância e, só depois, levar o
paciente para Mossoró. Isso se a emergência for até por volta das 22h
ou 23h. De acordo com as moradoras, por causa da insegurança, depois
desse horário o veículo não se desloca mais para o local.
Yassodara Barbalho diz que a Agrovila possuía uma ambulância, mas os
moradores não sabem o que aconteceu com o veículo. Sem mecanismos de
assistência própria, os moradores da zona rural ficam reféns das
situações. “Onde está nossa ambulância?”, questiona.
A reportagem da GAZETA DO OESTE procurou a Secretaria de Saúde para
ouvir explicações sobre os problemas no setor, mas foi informada de que a
secretária Jaqueline Amaral estava em reunião.
Fonte: Jornal Gazeta do Oeste
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