quarta-feira, 14 de agosto de 2013

MOSSORÓ: Terceirizadas da Petrobras demitem 700 pessoas em dois meses


As demissões e retração de investimentos da Petrobras na cidade de Mossoró continuam. Só entre os meses de junho e julho, o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO-RN) diz que houve cerca de 700 demissões. Segundo os sindicalistas, este número ainda pode ser maior, tendo em vista que o sindicato só contabiliza as demissões de petroleiros ligados ao Sindipetro (há cerca de oito sindicatos de petroleiros na região) e depois de um ano de serviço prestado na empresa terceirizada.

sonda da Petrobras

O número ainda é mais espantoso se comparado ao mesmo período do ano passado. Dados do Sindipetro mostram que no primeiro semestre de 2012, seiscentas e vinte e cinco pessoas que prestavam serviços a empresas terceirizadas da Petrobras em Mossoró foram demitidas. Este ano, até o final de julho, o número chega a 408. A empresa que mais demitiu empregados este ano foi a Empercom (218), seguida da ETX (62) e Perbras (33).

Segundo diretor-geral do Sindipetro/RN, José Araújo, as empresas demitirão mais funcionários nos próximos meses. “A expectativa é de que haja mais demissões nos próximos meses”, relata. Ainda segundo Araújo, as demissões e retrações de investimentos da estatal acontecem em várias regiões do País onde há extração de petróleo em terra. Ele conta que a Petrobras tem transferido os investimentos para as regiões onde são explorados o pré-sal, área de reservas petrolíferas que debaixo de uma profunda camada de sal. “Estados como Pernambuco, Alagoas, Ceará e Paraíba também têm sofrido com a retração de investimentos da Petrobras”, diz.

Segundo Márcio Azevedo Dias, coordenador-geral do Sindipetro, as demissões em massa que são causadas tem afetado diretamente o desenvolvimento econômico e social das cidades afetadas. “O número de demissões nas terceirizadas traz consequências diretas – prejuízos – ao comércio da cidade. Isso reflete, negativamente, tanto na economia quanto nas questões sociais”, diz.
Ainda segundo o Sindicato, o pânico entre os trabalhadores é grande, porque a Petrobras continuará demitindo funcionários durante todo o ano.

Mesmo com as promessas sucessivas da estatal de retomar os investimentos nas regiões, a Petrobras não tem demonstrado interesse em seguir com os investimentos em Mossoró. Segundo o Sindicato, só na semana passada mais de dez pessoas foram demitidas. “A retração começou em 2008 e perdura até hoje. Aliás, não sabemos até quando isso perdurará”, relata Araújo. “Quando se investe em tecnologia, os investimentos melhoram, mas os planos de negócio da Petrobras preveem uma redução drástica de investimentos nas regiões que produzem petróleo em terra até 2017”, diz Márcio.
O descontentamento e a falta de perspectiva de retomada dos investimentos é tão grande que o sindicato estuda a possibilidade de entrar com uma ação judicial contra a Petrobras por causa das demissões em massa. O sindicato estuda com outros movimentos sindicais petroleiros para unir forças e entrar na Justiça contra as medidas de retração da estatal. Ainda como medidas reivindicatórias, os sindicatos petroleiros de várias regiões do País vão se unir, no dia 5 de setembro, para uma paralisação nacional em defesa do petróleo. Além disso, será criado um “Comitê em Defesa dos Campos Terrestres de Produção, no dia 28 de setembro, em Fortaleza, para discutir estratégias para a retomada dos investimentos. Esse evento contará com a participação de outros sindicatos como a participação da Central Única de Trabalhadores (CUT) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), além de outras organizações sindicais. “Tem que haver muita pressão”, desabafa Araújo.

Outra medida foi a criação da Frente Parlamentar em Defesa dos Petroleiros, criado para pressionar a Petrobras para a retomada dos investimentos.

Comércio também é prejudicado

Segundo o economista Elviro Rebouças, diretor executivo da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Mossoró, a retração de investimentos com as sucessivas demissões de milhares de trabalhadores feitas pelas empresas que prestam serviço à Petrobras tem causado prejuízos enormes para o comércio local. Segundo ele, só a rede hoteleira sofreu uma baixa de 50% nos últimos meses devido a essa retração. O comércio varejista, o setor de serviços, restaurantes e o turismo local têm sofrido baixas sucessivas nas procuras. Ele diz ainda que o Dia dos Pais deste ano, em que o comércio costuma faturar bem mais que o normal, foi o pior dos últimos cinco anos e isso se deve, também, as demissões que a estatal tem feito. O economista diz que o impacto no comércio é geral e outros serviços já contabilizam uma baixa de 30% no faturamento, o que acaba amedrontando os comerciantes e comerciários de Mossoró. “Depois do sal, sabemos que o petróleo é a principal fonte de renda e geração de emprego de Mossoró. Se há demissões no setor, então há consequências em diversas partes do comércio, desde a hotelaria até o comércio varejista”, relata.

Petroleiros decidem pôr fim a greve

Os trabalhadores da Empercom, empresa terceirizada da Petrobras, que haviam paralisado as atividades desde a quinta-feira passada, se reuniram em uma assembleia, na tarde de ontem, para decidir pela continuidade ou não do movimento grevista. Os funcionários da empresa terceirizada se reuniram na sede do Sindipetro, em Mossoró, e votaram pelo fim da paralisação.

A categoria, que estava com um mês de pagamento atrasado, reivindicava que os salários fossem colocados em dia, além do pagamento de horas extras, gratificação, vale alimentação e vale férias. Os trabalhadores também reclamavam do descumprimento do acordo no regime de trabalho e o descumprimento do acordo coletivo e inadimplência com os planos de saúde.

Cerca de 600 trabalhadores paralisaram as atividades durante a greve, que chegou a atingir três sondas: a do Canto do Amaro, Macau e Estreito. Entretanto, com a promessa da Empercom de atender as reivindicações da categoria, os trabalhadores resolveram retornar todas as atividades na manhã de ontem.

Estima-se que, com a paralisação, a Empercom tenha sofrido um prejuízo de R$ 200 milhões por dia.
O diretor do Sindipetro/RN avalia positivamente o movimento grevista e a decisão da assembleia de retornar as atividades. “O movimento foi positivo porque os trabalhadores se uniram para reivindicar os seus direitos Agora, espera-se que a empresa cumpra o prometido”, relata José Araújo.

Fonte: Jornal Gazeta do Oeste

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