Por: Vicente Serejo
Parece, Senhor Redator, que acabou tendo um efeito barreira
o silêncio absoluto do senador José Agripino diante do ímpeto da governadora
Rosalba Ciarlini de não participar da gravação do programa institucional dos
Democratas. Mesmo ela justificando como um gesto de gratidão pessoal pelo
tratamento republicano o plano estava definido, a julgar pela declaração do deputado
Leonardo Nogueira anunciando que ele e a ex-prefeita Fafá Rosado passariam a
ter um partido aliado do PT.
Os atos retóricos, nos seus significados, independem muitas
vezes da intenção e do gosto de quem os pratica. No caso, sequer pode ser visto
como uma distorção usinada pelo interesse natural do jornalismo de provocar
fatos novos. E o deputado declarou e reforçou sua declaração, afirmando que o
senador José Agripino compreenderia o gesto e, por isso, não acreditava que ele
fosse mover a lei para impedir a mudança ou pelo menos contestar com o risco de
perda imediata de mandatos.
De tão inoportuno, o gesto bastou para gerar diante da
opinião pública um claro, grave e feio constrangimento. Abandonar o DEM não
seria só um simples oportunismo, o que, aliás, é sempre muito comum numa
democracia de falsos partidos. Teria um efeito duplamente trágico: do lado dos
que mudassem, pelo gesto de abandono de um dos únicos líderes nacionais de
oposição; do lado do senador José Agripino pela desqualificação da sua palavra,
calando e consentindo uma transgressão.
Já basta o arranjo de democratas e pemedebistas ao longo
das duas mais recentes campanhas majoritárias quando o PMDB, há oito anos,
abandonou a candidatura do senador Geraldo Melo para eleger a então candidata
democrata Rosalba Ciarlini e seu suplente, Garibaldi Alves (pai), assumir a
cadeira; e, em 2010, dividir-se em duas posições diametralmente opostas –
Henrique Alves com Iberê e Garibaldi Filho ao lado de Rosalba, duplo no duplo,
tudo pelo grande Rio Grande do Norte.
Agora, sem consciência de limite, até pela flacidez de suas
posições em outros episódios, é a vez dos Democratas na política useira e
vezeira desses arranjos que nesta fase contemporânea tem na Paz Pública seu
grande paradigma oportunista. Tão antinatural, que Aluizio Alves precisou sair
às ruas na mais dura campanha contra sua imagem para enfrentar os tigres que
ele mesmo acalentou com elogios desmesurados, sob pena de não resistir ao
inevitável esmagamento da própria família.
O altruísmo republicano de araque dos Democratas pode até
prevalecer bem acima de todos os outros crivos da vida pública. Não será
surpresa como ousadia ou dissimilação. Mas, certamente, terá um preço a ser
pago pela avalanche de uma perda de fronteira sem limites numa política que,
feita de filhos, netos e sobrinhos, já não tem nem mais aquele pudor do
passado, quando a tradição das gerações se fazia com serviços prestados e
espírito públicos, e não como herança de família.
TEMOR
Há alguns sinais de temor, mas ainda encobertos, de que o governo não possa depositar a primeira parcela do 13º salário até final de junho, como previsto. Mas, há um esforço discreto nesse sentido.
Há alguns sinais de temor, mas ainda encobertos, de que o governo não possa depositar a primeira parcela do 13º salário até final de junho, como previsto. Mas, há um esforço discreto nesse sentido.
MÍSSEIS –I
A imagem do Governo Rosalba Ciarlini fechou a semana que
passou com mais três graves avarias: a contratação do jatinho e perda de mais
de R$ 70 milhões federais na saúde e baixos investimentos.
RUIM – II
O governo não conseguiu explicar de forma convincente a
despesa milionária com contratação de um jato particular nem a perda de milhões
federais que deveriam ter servido aos mais necessitados.
PIOR – III
As entidades representativas das classes produtoras
reclamam, unidas, da falta de investimentos que possam estancar a queda na
geração de emprego e renda e
atingindo índices hoje até preocupantes.
ALIÁS – IV
O Governo Rosalba Ciarlini, até hoje, não consegue ter: bom
padrão retórico nas suas formulações para a opinião pública. Ou silencia como
se tivesse esse direito; ou fala sem elaboração estratégica.
EFEITO – V
O silêncio do governo, apesar do marketing de massa,
reforça a ausência de uma boa comunicação coloquial que estabeleça o diálogo
com a sociedade. Fala por cima da carne seca, como o povo diz.
Fonte: Jornal de Hoje
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