quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MOSSORÓ: Médicos param atividades por 24 horas

Profissionais discursaram contra o descaso do Governo do Estado com a Saúde
Wilson Moreno
Médicos explicam à população motivos da paralisação

Os médicos que estavam de plantão na tarde desta terça-feira (27) no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), o maior hospital de urgência e emergência da região Oeste, aderiram à mobilização da categoria em nível estadual e paralisaram as atividades. Os médicos se concentraram na calçada do HRTM e discursaram contra o descaso do Governo do Estado com a Saúde Pública do Rio Grande do Norte.

Alguns pacientes aguardavam e observavam a manifestação do lado de fora. Foi o caso da dona de casa Maria do Socorro Silva de Lima, de 57 anos, que estava acompanhando a sua mãe de 83 anos. Ela conta que é a favor da manifestação dos médicos porque o HRTM precisa ser melhor abastecido pelo Governo do Estado e relata: "Cheguei aqui de manhã com a minha mãe. Ela precisava de uma maca e não tinha. Fiquei desesperada. Saí do hospital em prantos e pedi que pelo amor de Deus fizessem alguma coisa pela minha mãe", relata. Ela ainda conta que, depois de duas horas, foi avisada que uma maca estava disponível. "Minha mãe ficou duas horas sentada em uma cadeira, quando deveria estar em uma maca. É um absurdo isso", diz.

Eusa Oliveira estava observando a manifestação, depois de ter ido ao hospital acompanhar um familiar. "Sou completamente a favor [do protesto dos médicos]. A situação [do HRTM] não é boa, o governo não atende as reivindicações dos grevistas e a crise na Saúde continua", diz.

Já a dona de casa Daniele Mota conta que, apesar de ser favorável ao protesto, os médicos também precisam fazer a sua parte. "Sou a favor. Agora, preciso dizer também que, muitas vezes sou mal atendida por alguns médicos daqui [no HRTM]. Não são todos, mas há médicos que parecem que fazem questão de não atender bem", ressalta a acompanhante, enquanto observava a manifestação.

O protesto também contou com a participação de enfermeiros, assistentes sociais, técnicos e servidores da saúde em greve. "Nós reivindicamos não só melhorias salariais, mas uma saúde pública de qualidade. Fazemos um trabalho de conscientização para com a população no intuito de mostrar de quem é a culpa pelo caos instalado na saúde, e a culpa, eu digo, é do Governo do Estado", dispara João Morais, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (SINDSAÚDE/RN).

Segundo ele, a falta de equipamentos, medicamentos e as péssimas condições de trabalho, unidos a melhorias salariais são reivindicações de todas as categorias da saúde. Ele também denuncia que o descaso na Saúde Pública é tão grande que há uma ambulância no HRTM que não funciona por falta de ventilador.

Segundo o médico Rodrigo Jales, delegado distrital do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (SINMED/RN), que acompanhou toda a movimentação, a categoria reivindica melhores condições de trabalho. Ele cita como exemplos das deficiências nas unidades os aparelhos de ultrassonografia e endoscopia, quebrados há mais de dois meses e sem qualquer perspectiva de ir ao concerto. Ele ainda relata que faltam medicamentos como o Voltaren, macas e seringas.

Durante o protesto, apenas cirurgias e atendimentos de urgência e emergência continuaram normalmente. Em Natal, os profissionais do Estado e do Município realizaram uma caminhada até a sede da prefeitura como forma de protesto.
A categoria da rede estadual de saúde se reunirá no início da próxima semana na capital para decidir ou não por uma greve por tempo indeterminado.

De acordo com o anestesiologista Ronaldo Fixina, delegado sindical da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), as reivindicações têm duas frentes: condições técnicas de trabalho (com equipamentos e insumos básicos) e negociações salariais (inclusive com a implantação do Piso Fenam). O ponto eletrônico também tem sido contestado pela categoria, que exige o salário adequado à carga horária para que o ponto possa ser cumprido.

Caso a greve seja decretada, os médicos prometem realizar uma ação contrária à paralisação. "Em vez de parar, vamos encaminhar os pacientes do ambulatório que estão esperando passar por cirurgia para os centros cirúrgicos. Vamos mostrar que, se tivermos condições, nós conseguimos trabalhar. O problema é que falta estrutura, materiais e muito descaso com a saúde pública", destaca Fixina.

Através de nota, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESAP) afirma que o impacto da implantação do Piso Fenam, exigido pelos médicos, precisa ser avaliado pelo governo. De acordo com a Secretaria, a adoção da tabela poderia aumentar para R$ 30 mil a remuneração mensal de um médico em início de carreira com a carga horária de 40 horas, agregando insalubridade, adicional noturno e plantão. Já os profissionais do último nível poderiam receber R$ 50 mil.

Segundo a nota, a folha de pagamento da Saúde aumentou R$ 9,8 milhões por mês nos últimos dois anos. De acordo com a Sesap, atualmente, a remuneração média dos médicos que trabalham 40 horas é de R$ 10 mil.

SERVIDORES

A greve dos servidores estaduais da Saúde, iniciada no dia 1º de agosto, perdeu força no interior do Rio Grande do Norte. Os protestos, que incluem um acampamento em frente à residência da governadora Rosalba Ciarlini, tem maior fôlego apenas na capital.

"Desde a ameaça do corte do ponto, os trabalhadores ficaram com medo e recuaram. Infelizmente para a nossa luta isso é ruim. Mas, se os médicos decidirem parar, acredito que a greve dos servidores muda de situação e se fortalece novamente. Vamos aguardar os próximos passos", comenta João Morais, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN, em Mossoró.

Fonte: Jornal Gazeta do Oeste

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