terça-feira, 20 de agosto de 2013

POLÍTICA DO ESTADO: Deputado Henrique Alves admite candidatura própria do PMDB

Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, falou sobre a política em nível de Rio Grande do Norte

Deputado, a imprensa do Sul e de Brasília estão noticiando que a aprovação do orçamento impositivo foi uma vitória do Congresso Nacional sobre o poder Executivo. Na condição de presidente da Câmara dos Deputados, qual a leitura que o Sr. faz desse fato? Existem vencedores e vencidos?

Henrique Alves - Não. Não há derrota do governo, até porque é uma decisão de competência exclusiva do parlamento. O Executivo tem a sua parte no orçamento que executa o que nós aprovamos e tem um pedaço. O Legislativo faz com legitimidade porque nós somos representantes eleitos pelo voto popular, portanto, nós somos interlocutores de demandas de pequenos municípios, de comunidades, de assentamentos, lugares que não chegam às grandes mesas ministeriais. Uma passagem molhada, uma pequena adutora, um posto de saúde, isso não chega às mesas dos ministérios para os grandes projetos estruturais. Então, quem traz isso da comunidade, do sindicato, da entidade, da associação dos vereadores, dos prefeitos, são os representantes deles, que são eleitos pelo voto popular. Esses direitos nós temos de ter, é o que acontecia e, de repente, ficava à disposição do Executivo pagar ou não pagar essas emendas.

E o que isso acarretava?

Henrique Alves - Acontecia um vício havia mais de vinte anos. Não deixou no governo do presidente Lula, do presidente Fernando Henrique e nem de Itamar Franco. Nem lá atrás, muito lá atrás. De repente, os deputados, em alguns casos, procuravam seus líderes para dizer que não votariam em tal projeto porque a emenda tal, da cidade tal, era cobrada e ela não era atendida, e o governo, por sua vez, dizia que só liberaria aquela emenda do deputado tal, do Estado tal, localidade tal, se ele votasse a favor do governo. Era uma chantagem recíproca, um toma-lá-dá-cá, que constrange um governo democrático e republicano e humilha o parlamento. Essas emendas impositivas terão uma maior fiscalização e acompanhadas pelo Tribunal de Contas da União. E a obrigação dos Estados ou municípios, recebendo a emenda, é fazer uma audiência pública para torná-la pública, publicizando o valor da obra, custo total e a sua finalidade, ou seja, um processo transparente, claro, é uma prerrogativa do parlamento.

O senhor tem enfrentado matérias postas para votação que geram polêmica, entre os parlamentares e a opinião pública. O senhor acredita que a posição da grande imprensa contra a sua atuação faz parte desse estado de espírito, ou seja, dessas reações?

Henrique Alves - Não. O poder Legislativo, por ser mais aberto, mais transparente, está sempre sujeito a essas críticas e que fazem parte do processo democrático. Eu acho que as críticas são construtivas e vêm a ajudar a nos alertar que a gente possa errar menos, acertar mais. Pela experiência que eu tenho, que já vi passar, já fui oposição, já fui governo, já tive pai cassado. Todo esse quadro eu entendo perfeitamente e recolho com muita humildade, com formação democrática e faz parte deste processo de mudança que o Brasil está vivendo. O parlamentar tem que acompanhar essas mudanças, muitas vezes é importante que essas coisas aconteçam, como essas manifestações cobrando, criticando, para que isso acuda também o poder Legislativo, a todos nós, deputados. Eu entendo isso como uma coisa construtiva que aperfeiçoará o nosso trabalho e a nossa pauta. É natural que seja uma queda na demanda da sociedade de maneira responsável, mas que atenda à expectativa da sociedade em relação ao seu parlamento, que é a casa mais legítima do povo brasileiro, diferente do Executivo, do Judiciário. Todos estão lá pelo voto popular.

Deputado, existe fundamento na informação a respeito de uma pesquisa de opinião encomendada pelo PMDB para nortear o início das articulações do partido com vistas à sucessão de 2014?

Henrique Alves - Tem, sim. Todo ano pré-eleitoral o PMDB realiza essa pesquisa. Quero até lembrar aqui que na pré-eleição de 2010 nós fizemos a mesma pesquisa qualitativa em todo o RN. Foi essa pesquisa que definiu a posição de Garibaldi quando ele já tinha uma ligação muito próxima com Rosalba no Senado e com a pesquisa que veio, qualitativa, mostrava a tendência do RN para fazê-la governadora. Garibaldi, como já tinha essa relação de senador com ela, todo dia e toda hora, com aquilo que viu e ouviu nas pesquisas. Ele apoiou a governadora porque queria, e eu porque tinha o compromisso com o presidente Lula e sua base, apoiei o governador Iberê. Então se repete o episódio dessa escuta que queremos que ter com o povo do Rio Grande do Norte. Não será quantitativa, de saber quem deve ser o candidato, mas o que o povo pensa do RN hoje, de amanhã, quais são as suas expectativas, quais são as suas reclamações, quais são as suas carências. Vamos ter uma conversa muito leal, muito verdadeira com os nossos aliados, que são vários partidos, para que no fim de outubro, o PMDB possa reunir seu diretório estadual e definir sua estratégia, de forma leal, transparente e verdadeira, baseada naquilo que o RN quer que seu partido faça nas eleições de 2014.

Admitindo que o resultado da pesquisa não aponte a atual governadora com chances de disputar a reeleição, qual será o posicionamento do PMDB e dos demais aliados?

Henrique Alves - Eu não vou ter essa agonia de estar com essa ansiedade. Vamos aguardar, pois pode dizer uma coisa e vir outra. A pesquisa a gente quer ocultar mesmo. Eu já sinto hoje o depoimento de vereadores, de deputados, por onde eu ando, por onde eu passo. Eu estive em Riacho da Cruz, Patu, Acari. Sempre converso, escuto, mas eu quero aguardar essa pesquisa por um instituto muito respeitado que ouvirá todo o RN, todos os segmentos sociais, e eu não quero me antecipar. Ela vai orientar, sim, aquilo que vai ser a posição do PMDB em 2014.

O senhor, pela sua larga experiência política, admite que a governadora desista da tentativa de reeleição e possa disputar uma vaga na Câmara Federal, mesmo tendo que passar o cargo para o seu vice, Robinson Faria?

Henrique Alves - A decisão vai caber à governadora, não vou antecipar, seria uma deselegância em relação à governadora. Vamos aguardar. Ela tem enfrentado dificuldades, e outros governadores também têm. O Rio de Janeiro está enfrentando dificuldades. Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmim, que era tão bem avaliado, está com dificuldades. Esses momentos passam, melhoram ou não melhoram? Eu prefiro aguardar essas manifestações. O que é nosso dever como representantes do Rio Grande do Norte no que eu puder, nas obras de duplicação como fiz agora, com a duplicação da BR-304, com a Barragem de Oiticica, enfim, obras importantes que eu estou conseguindo trazer do Governo Federal para o RN. Isso eu farei, e farei sempre. Independentemente de estar com a governadora ou não. Agora, em relação ao seu desempenho, vamos aguardar o que a pesquisa vai avaliar, esse esforço que ela procura fazer dentro desta realidade, tomaremos a decisão para 2014.

A imprensa de um modo geral e o meio empresarial têm apontado o deputado estadual Walter Alves como solução dentro do PMDB para disputar o governo. Como o senhor avalia essa possibilidade?

Henrique Alves - A minha torcida é para que o PMDB tenha, sim, um candidato a governador, a partir da hora em que esse for o rumo que o partido venha a tomar em 2014. Se o partido, quando for se reunir, é bom lembrar que eu não sou dono do partido, nós temos quase 60 prefeitos, tem mais de 300 vereadores, tem deputados estaduais, tem lideranças formais nos municípios. O partido é o maior do Estado, então, essa legenda vai se pronunciar a partir dessa pesquisa qualitativa que nós faremos no mês de outubro. A partir disso, vamos conversar lealmente com o DEM, que é nosso aliado hoje, com o PP e com outros partidos para sabermos qual é o rumo que o povo do RN quer que seu maior partido, que é o PMDB, adote. Se o caso for reabrir a questão da candidatura própria, o nome de Walter Alves, o próprio Garibaldi Filho, são nomes que logicamente, na história, marcam o PMDB do Rio Grande do Norte.

O senhor admite que o ministro e senador-licenciado Garibaldi Filho possa ainda rever a sua posição e, diante do grande bloco partidário, somado a sua inquestionável liderança nas pesquisas aceite disputar o governo em 2014?

Henrique Alves - Eu acho que sim. Acho que Garibaldi é um nome de quase unanimidade no Estado e continua a ser, como ministro de Estado, mais ainda. Qualquer pesquisa que se faça, ele aparece sempre pontuando em primeiro, mas isso é uma avaliação muito dele. Já governou o Estado por oito anos. Eu hoje estou em uma posição importante na Câmara Federal, posso até pensar em continuar, quem sabe até buscar uma reeleição. Está muito cedo para isso, mas quem sabe isso não possa vir a acontecer, ou seja, somar forças para o Rio Grande do Norte, que está precisando muito de uma recuperação social, econômica e financeira, mas isso aí é um projeto que o tempo dirá. Não vamos antecipar as coisas. Nós temos hoje compromissos e somos leais aos compromissos que temos. Vamos ouvir do nosso povo que caminho nós vamos tomar.

Fonte: Jornal Gazeta do Oeste

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