domingo, 10 de novembro de 2013

CULTURA: Coleção Mossoroense mudará de endereço em busca de contenção


Célio Duarte
Coleção Mossoroense: sonho de Vingt-un Rosado é mantido com muito esforço e abnegação
Seis décadas de existência e mais de quatro mil obras publicadas, em um acervo duas vezes maior que o da Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, contabilizando 150 mil títulos. Eis aí o sonho de Vingt-un Rosado, o velho editor que praticamente publicou quase todos os autores da cidade e grande parte dos outros do Estado do RN, editando, às vezes do próprio bolso, a literatura local. “Meu pai era um abnegado. Às vezes ele dizia que a Coleção Mossoroense era um negócio de doido”, fala, sorrindo e um pouco triste, o médico e diretor-presidente da editora, Dix-sept Rosado Sobrinho, filho de Vingt-un e que tomou a responsabilidade da editora. “Eu coloquei – como meu pai também o fez – muito dinheiro aqui, de sorte que tivemos que reduzir muita coisa, mas digo e repito que a Coleção Mossoroense é um patrimônio do Estado do Rio Grande do Norte. Não pertence a mim nem a qualquer outro. É uma editora histórica que sobrevive de poucos apoios e um convênio com a Prefeitura Municipal de Mossoró, convênio que passou por uma redução de quase 50%. Depois, vieram os atrasos e, agora, estamos entregando à sede antiga, porque sabemos que os custos são altos e não temos condições de bancarmos esses custos. Entreguei o imóvel e devo salientar que o proprietário não me pediu o lugar. Ao contrário. Paguei todos os aluguéis que devíamos, honrei com o compromisso e estou à procura de um lugar menor”, revela Dix-sept Sobrinho, explicando que a editora passa por um momento delicado. “Decidimos entregar a casa depois de uma reunião com a diretoria, e resolvemos ir à procura, agora, de um lugar menor”, diz.

De acordo com ele, a Coleção possui um acervo de 150 mil livros, todos com duplicatas. “Decidimos, também, ficarmos com apenas cinco obras de cada título e fazermos doações dos demais. Ou seja, não temos como acondicionar tantos livros. Essas doações serão feitas em breve e estamos estudando como. O pessoal do curso de História da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) tem nos ajudado no sentido de organizar esse material”, fala.

Para ele, a Coleção continua viva, mas, do jeito que está “tudo fica muito complicado”. “Tive que parar com os serviços gráficos e outras coisas. Nossa prioridade é cuidar da editora, procurar um novo lugar mais barato e continuarmos vivos. Agradecemos a ele e também à parceria da PMM e devo dizer que não tenho interesses em coisas do poder. Pelo contrário, creio que a editora é de todos nós”, salienta Dix-sept, destacando que não vê “perspectivas de melhoras para o apoio à cultura”, mas reconhece a importância de empresas como a Simsal e a Itapetinga que colaboram com a editora. 

‘É TRISTE. LAMENTÁVEL!’

As palavras são do poeta e editor-assistente da Coleção, Caio César Muniz. “Dix-sept tem feito de tudo para manter a editora viva. Estamos sem receber desde agosto, do convênio que mantemos com a PMM. Vivemos na incerteza”, salienta Caio, explicando que, entre outras ações, a editora se mudará para um lugar mais barato e doará parte de seu acervo a instituições. “Existe uma proposta da Ufersa, mas não é uma coisa para agora, somente para 2015. Não podemos esperar até lá”, comenta.

De acordo com ele, a Coleção Mossoroense tem convênio com a PMM até dezembro, mas as indefinições de pagamento têm prejudicado a editora. “Além disso, nós temos uma folha de pagamento, outras despesas e o convênio foi reduzido pela metade. Antes recebíamos cerca de 19 mil. Hoje, apenas a metade disso”, explica.

Ele salienta é lamentável e ver com muita tristeza o atual cenário pelo qual passa a Coleção. “Vemos nossos sonhos escapando por entre nossos dedos... ao mesmo tempo em que lamentamos, também recebemos a notícia de que a Petrobras, em breve, liberará os recursos para o nosso Concurso Literário Rota Batida, um sonho de Vingt-un”, finaliza.

Fonte: Jornal Gazeta do Oeste

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