segunda-feira, 4 de novembro de 2013

MOSSORÓ: Liderada pela Ufersa, campanha ganha apoio mundial

Divulgação/Mel Menezes
Paulo Menezes, que há 30 anos cria abelhas na capital do Oeste, é exemplo para o País
NATHAN FIGUEIREDO
Da Re­da­ção
figueiredonathan@gmail.com
Lançada neste mês em Kiev, capital da Ucrânia, uma campanha da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), que visa conscientizar a população a respeito da ameaça às abelhas, ganhou repercussão mundial.
A campanha “Bee or not to be”, lançada em Mossoró em setembro, foi apresentada no maior congresso de apicultura do mundo, o Apimondia. Bee or not to bee é um trocadilho com a palavra “bee”, abelha em inglês, e o verbo “to be”, que significa ser.
O projeto teve apoio imediato da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) e da Associação Brasileira de Exportadores de Mel (ABEMEL).
Iniciada pelo professor Lionel Segui Gonçalves, docente especial da Ufersa e aposentado pela Universidade de São Paulo (USP), a empreitada analisa há mais de quatro anos o chamado Colony Collapse Disorder (Síndrome do Colapso das Colônias, em português).
Os especialistas alertam para o risco de extinção das abelhas, com impacto negativo gigantesco sobre a agricultura, para a qual a polinização é imprescindível. Em Mossoró, toda a produção de melão – um dos principais produtos de exportação do Rio Grande do Norte – estaria ameaçada.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, publicada na última sexta-feira (1º), o professor alertou para a urgência de se fazer um controle de pragas nesse tipo de cultura e dispensar o uso de pesticidas tóxicas, que pode ser um dos responsáveis pelo descontrole.
“Ignorar as abelhas é ir contra os princípios de sustentabilidade e pagaremos um preço alto no futuro por subestimar a evolução desse problema”, alertou Gonçalves.
O docente é membro Apimondia, um dos principais representantes do Brasil no evento. Após se aposentar pela USP, veio ao RN fazer um trabalho sobre abelhas e apicultura. Acabou criando o Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura (CETAPIS), que fica na Estrada da Alagoinha, zona rural de Mossoró, numa fazenda da Ufersa.
Para o pesquisador Deyson Castilho, também da Ufersa, é preciso agora reunir apoio do setor público e privado para garantir a preservação das abelhas.
“As abelhas são uma fonte de renda inesgotável. Você tem o mel, o pólen, a cera. E o principal não é nem o mel, é o serviço de polinização. Se elas forem extintas, 70% da produção agrícola vai deixar de existir”, explicou ao JORNAL DE FATO o pesquisador.
Em Mossoró, um exemplo mundial de preservação
Um dos grandes exemplos de criação de abelhas também está na capital do Oeste. Paulo Menezes, ex-funcionário do Banco do Nordeste, começou a cultivar a abelha jandaíra há 30 anos. Hoje, tem aproximadamente 500 colônias na zona rural de Mossoró e é destaque nacional na luta pela preservação da espécie.
Ele montou a empresa Mel Menezes, que vende mel por encomenda para todo o Brasil.
“O início de minha atividade na meliponicultura se deu a partir de 1983, quando recebi das mãos do saudoso Mons. Humberto Bruening o presidente de uma colmeia de jandaíra bem como os primeiros ensinamentos sobre o fantástico mundo das abelhas”, conta. 
Mons. Humberto Bruening foi um sacerdote catarinense que dedicou 48 anos de sua vida a paróquias mossoroenses e é uma figura importante da igreja em âmbito local.
De acordo com Menezes, o legado deixado pelo monsenhor com relação ao estudo e preservação das abelhas passou a ser referência nacional em preservação do meio ambiente.
O trabalho do mossoroense com as abelhas, herdadas do pároco, já foi objetivo de estudo no mundo e esteve nas páginas da revista American Bee Journal Flórida, da Universidade da Flórida, Estados Unidos. E também da publicação Vida Apícola de Barcelona, da Espanha.
Fonte: Jornal de Fato

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