quarta-feira, 6 de novembro de 2013

COTIDIANO: Crise obriga a Fundação Vingt-un Rosado a se desfazer de 95% do acervo

Pesquisadores ajudam a organizar o acervo que será doado - Luciano LellysPesquisadores ajudam a organizar o acervo que será doado - Luciano LellysPor falta de apoio, a Fundação Vingt-un Rosado, mantenedora da Coleção Mossoroense, maior editora do Brasil em número de títulos publicados, está se desfazendo de 95% do seu acervo. Isso significa dizer que 142.500 exemplares da biblioteca serão doados a instituições culturais e universidades da região. 
A decisão de abdicar de parte do acervo com 150 mil exemplares da Fundação Vingt-un Rosado, composto pelo acervo pessoal de Vingt-un Rosado, a biblioteca de Ozelita Cascudo e títulos da Coleção Mossoroense, foi tomada pela direção para evitar o fechamento. 
"Há sete meses o valor do convênio é repassado pela Prefeitura com atrasos. Além disso, o convênio mantido com o Executivo, que era de R$ 19 mil mensais, foi reduzido para R$ 10 mil. É uma situação complicada. Por isso, decidimos procurar um imóvel menor para abrigar o acervo, reduzir os custos para poder manter a Fundação funcionando", explica Caio César Muniz, um dos administradores da Fundação. A entidade sobrevive basicamente dos convênios e de alguns projetos, como o Rota Batida, que têm possibilitado a manutenção da Fundação.
Caio César Muniz revela que devido aos constantes atrasos no repasse da Prefeitura e o clima de instabilidade vivido pela Fundação está cada dia mais difícil manter a entidade. "A ideia é reduzir ao máximo os valores para manter o funcionamento. Se desfazer do acervo foi uma medida necessária, pois diante da realidade foi preciso ir para um espaço menor, com custos reduzidos", diz. 
Ele lamenta a decisão, mas enfatiza que foi necessária. "É muito triste abrir mão do acervo, ver um patrimônio cultural, construído por 60 anos pelo professor Vingt-un Rosdo, sendo disperso para outras cidades. Quem perde com isso é Mossoró, é o Rio Grande do Norte". Caio César Muniz complementa que além da doação do acervo, a Coleção Mossoroense está com as publicações suspensas para tentar contornar a crise. 
O secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Mossoró, Julierme Torres, reconhece que houve um atraso no repasse do convênio, no entanto ele afirma que o atraso é de apenas um mês. "Houve um pequeno atraso no repasse que está sendo regularizado amanhã (hoje)", declarou. Quanto à crise vivenciada pela Fundação, o secretário disse que não é possível responsabilizar tão somente a prefeitura pela situação. 
"Houve realmente uma redução no convênio entre o Executivo e a Fundação, pois o valor de R$ 10 mil oferecido pela prefeitura era o possível a ser firmado para o momento, o que a prefeitura podia repassar. A Fundação é uma entidade própria, e o município está apenas como parceiro", disse
Títulos da Fundação Vingt-un Rosado servem como referência para pesquisadores da história nordestina
A relação das instituições culturais e universidades que receberão o precioso acervo idealizado por Vingt-un Rosado está sendo levantada em parceria com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern). Com a doação, a cidade que um dia sonhou ser a "Capital da Cultura" perde grande parte dos títulos que servem como referência para pesquisadores da história nordestina. 
De acordo com o professor de história da Uern, Marcílio Falcão, um dos coordenadores do projeto de pesquisa que catalogou o acervo da Fundação, a biblioteca construída a partir do sonho de Vingt-un Rosado é imprescindível para os estudos das ciências humanas. "Não tem como estudar a história do Nordeste sem a Coleção Mossoroense", enfatiza. 
O trabalho de catalogação dos exemplares que durou pouco mais de dois anos e teve um investimento de R$ 40 mil, com recursos da Universidade, está prestes a ser perdido. O projeto que tinha como objetivo elaborar um catálogo para possibilitar o acesso de pesquisadores do país ao acervo da Fundação, hoje está servindo como base para coordenar a doação destes títulos. 
"Daqui a quatro meses vamos lançar o catálogo com a maior coleção de títulos do Brasil, no entanto não será possível promover a circulação de conhecimento, uma vez que a maioria dos títulos não ficará mais na cidade", lastima o professor. Ele lamenta não haver em Mossoró uma política de preservação de acervo.
Números
Acervo
150 mil exemplares
Serão doados
142,5 mil  exemplares
Redução de 95%
Fonte: Jornal O Mossoroense

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